O DRAGÃO - de Ray Bradbury
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Mais um pequeno conto de Ray Bradbury.
Dois cavaleiros medievais, numa campina, no meio do nada. Há muitas Eras não mais se criava vida na Terra, e há séculos não se ouvia um piado sequer de uma ave, no céu. Era noite. Um monstro vivia no meio do descampado: um dragão feroz, selvagem, que esmagava as pessoas, queimava a relva seca com jatos de fogo e devorava quem se atrevesse a viajar temerariamente entre as cidades.
Seria melhor, talvez, que os cavaleiros voltassem para seu castelo. Não durariam uma hora sequer, com o dragão à solta. Um único olho amarelado, soltando fumaça e fogo pelas ventas, as garras poderosas...
Mas a tarefa dos dois homens era clara, não havia tempo para fugirem e se esconderem. Um dos cavaleiros não se lembrava mais em que ano estavam, ao que o outro respondeu: “Aquele era o ano 900 após a Natividade”.
Mas o que fizera a pergunta redarguiu, atemorizado: Não, nessa planície desolada e esquecida, o tempo não mais existe. As pedras com que se construíram os castelos estão de volta nas pedreiras, os homens, mulheres e crianças das cidades ainda não nasceram e as próprias vilas e cidades não existem, ainda.
Nisso, ouvem um rugido, vindo da escuridão. Os dois cavaleiros colocam as armaduras e luvas de metal e montam nos cavalos, já selados. Avançam em direção ao monstro, seu único olho amarelado queimando, o rugido fazendo tremer o solo. Rasga a noite, vindo a toda velocidade. Um dos cavaleiros atinge o dragão bem abaixo do olho com a lança, mas é lançado longe pelo ricochete. O dragão esmaga-o, mata-o. O segundo homem atinge o monstro e é arremessado contra rochas.
O dragão continua seu avanço. Um dos maquinistas, dentro dele, comenta que vira dois cavaleiros se lançando em ataque contra a máquina. Não é possível!, comenta outro. Toquei a buzina, sem parar. E não teria freado nem por nada deste mundo, aqui nesse lugar ermo é perigoso parar...
Assim, o comboio segue viagem à toda, enfiando-se no desfiladeiro que se assoma perante os dois maquinistas. A fumaça espessa que lança no ar faz tudo parar, tudo estagnar.
Produzido, eidtado, narrado e interpretado por Carlos Eduardo Valente
Fonto encontrada na internet, sem nome do autor, produzida para este áudiobook por Carlos Eduardo Valente
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