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Coronavírus: Brasil e Uruguai, a fronteira onde o pior e o melhor da América Latina se encontram, entra em alerta vermelho

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Sant'Ana do Livramento, no Brasil, e Rivera, no Uruguai, formam uma única cidade onde o combate ao coronavírus tenta conciliar o medo e a necessidade de turistas. Neste fim de semana, a zona entrou em alerta vermelho, devido a um novo surto do lado brasileiro e foi criada a Unidade Epidemiológica Sanitária Única com medidas conjuntas com o Uruguai para conter a propagação.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

O brasileiro Fernando Ravara (50) olha com preocupação para o novo surto de coronavírus que, nesta semana, surgiu no bairro Armour de Sant'Ana do Livramento. Nos últimos três dias, 27 novos casos elevaram a 72 o total de contágios nesta cidade gaúcha. Desses, 36 estão ativos.

O posto de saúde da zona fechou depois que 11 dos 33 funcionários testaram positivo. A cidade saiu de bandeira laranja (risco médio de contaminação) a bandeira vermelha (alto risco). Todos os comércios vão fechar e as medidas serão endurecidas.

"Temos entre 22 e 25 respiradores na cidade. Então, a grande preocupação é que, de repente, aconteça um surto grande e não haja respiradores para todos, considerando que estamos próximos ao inverno, quando as doenças respiratórias também aumentam. Esse é o medo da população", adverte à RFI Fernando, radialista com formação em Relações Internacionais.

A cidade brasileira de Sant'Ana do Livramento registra uma vítima fatal de coronavírus num universo de estimado de 77 mil pessoas. Os números podem não ser expressivos se comparados com a trágica realidade brasileira, mas são alarmantes para o vizinho Uruguai que, na última semana, registrou cinco dias sem nenhum novo caso de covid-19.

O maior problema do Uruguai é hoje esta fronteira com o Brasil. É onde o pior da América Latina faz fronteira com o melhor. O pior país no combate ao coronavírus e o melhor país em controlá-lo fundem-se num único conglomerado urbano sem divisões físicas. Apenas uma linha imaginária que consiste em simplesmente atravessar uma avenida, da João Pessoa, de Sant'Ana do Livramento, à 33 Orientales, na uruguaia Rivera.

A metodologia de combate do governo uruguaio combina liberalismo individual com consciência civil: o presidente Luís Lacalle Pou não recorreu a nenhuma quarentena obrigatória, ao contrário de toda a vizinhança. Apelou à responsabilidade cidadã de cada uruguaio e apenas recomendou as medidas sanitárias de proteção. Os uruguaios acataram.

Enquanto o número de vítimas no Brasil marca um novo recorde a cada dia, do outro lado da fronteira, o Uruguai exibe uma realidade oposta: 847 casos dos quais 23 falecidos, dois deles em Rivera que acumula 57 casos, 13 dos quais ativos.

Zona restrita

Esses números levaram o governo uruguaio a blindar Rivera do resto do país através de barreiras sanitárias e controle militar nas estradas. Na cidade uruguaia, encapsulada do resto do país, vivem 103 mil pessoas.

Mas enquanto o Uruguai preocupa-se com esta zona da fronteira, Rivera-Livramento fazem valer o título de "Fronteira da Paz". A preocupação dessas duas cidades, completamente integrada entre si é com os turistas que vêm de outras cidades brasileiras.

"A região aqui vive harmoniosamente. As pessoas não estão preocupadas com o vizinho. Enquanto o Uruguai está preocupado com a nossa região, a nossa preocupação é com os que vêm de fora, com os que vem de outras cidades para cá porque não sabemos se estão infectados", explica Fernando Ravara.

Olga Ortiz Abelenda (57) era a dona do Galpón, uma típica churrascaria uruguaia, referência em Rivera, que atraía uma maioria de turistas brasileiros. Com a chegada da pandemia, Olga decidiu fechar as portas para sempre. Os custos fixos sem nenhum faturamento impedem o negócio. Mesmo no futuro, uma eventual redução pela metade da capacidade de mesas significaria anular qualquer lucro.

Para a empresária gastronômica uruguaia, mais do que a doença, a falta de trabalho é o grande risco que ameaça a conurbação binacional Rivera-Santana do Livramento.

"A minha preocupação é o comércio de Rivera que depende exclusivamente dos brasileiros. Eu tenho medo da crise porque as pessoas já estão com problemas para pagar o aluguel, para cumprir com os seus funcionários. Os proprietários estão-se endividando e muita gente já ficou sem emprego", descreve Olga à RFI.

Fronteira da Paz

Olga Ortiz é um exemplo da simbiose desta região. Morava no Uruguai, onde tinha o restaurante. Casou-se com um brasileiro e vive agora do lado brasileiro, a três quarteirões da linha imaginária de fronteira. Dos três filhos, dois nasceram do lado uruguaio; um do lado brasileiro.

Por isso, um preconceito entre brasileiros e uruguaios sobre quem pode contagiar a quem é algo impensável. Antes do surto em Sant'Ana do Livramento nesta semana, havia 114 casos de coronavírus entre as duas cidades, exatamente 57 casos para cada lado.

"Dentro da cidade, não há preconceito. Isso é mais com os que vem de fora, mas, mesmo assim, só por parte das pessoas que não têm comércio porque aquelas que têm comércio desejam que venham pessoas de fora", compara Olga. "Ninguém está pensando tanto na doença neste momento. Existe a preocupação, sim. Mas é muito mais preocupante ficar sem trabalho", garante.

A também uruguaia Laura Cabrera Gariglio (38) mora em Rivera, mas está reformando a sua casa em Sant'Ana do Livramento. Filha de pai uruguaio e mãe brasileira, estudou no Uruguai, mas formou-se em Contabilidade no Brasil, onde estão os seus clientes.

Laura soma-se às críticas de preconceitos por parte dos uruguaios de Montevidéu que consideram Rivera quase um território brasileiro.

"Entre nós aqui na fronteira, não existe preconceito. E também não existe preconceito com quem vem de fora. Existe medo de um contágio, mas não preconceito. A gente sofre preconceito por parte dos próprios uruguaios, mas não sofremos preconceito por parte dos brasileiros", garante Laura à RFI.

"A união aqui é tanta que ninguém está comparando qual lado tem mais casos. Puxamos todos para frente juntos", afirma.

Com os seus Free Shop, a uruguaia Rivera é uma cidade de turismo de compras que atrai muitos gaúchos da cidades vizinhas e sacoleiros, sobretudo neste momento em que a fronteira com o Paraguai está fechada.

Dependência dos turistas e das compras

Os ônibus de turistas estão proibidos de entrar em Sant'Ana do Livramento, mas os carros de passeios e vans passam pelos controles sanitários nas estradas.

Nesta semana de feriadão, muitos turistas foram à cidade para fazer compras. O intenso movimento levou a Prefeitura de Rivera a colocar barreiras sanitárias para os veículos brasileiros. Só neste sábado, foram mais de mil carros com 3.500 pessoas num único dia.

Os habitantes locais optam por comprar carnes, vinhos, queijos e produtos de limpeza do lado uruguaio. Roupas, calçados e compras do mês nos supermercados do lado brasileiro.

Para Laura, o perigo está justamente nesse fluxo de turistas de outras cidades brasileiras.

"A minha preocupação é com a falta de conscientização das pessoas. Eu não entendo como pessoas de fora podem pensar em vir fazer compras com esta situação", surpreende-se Laura. "Mas tem a parte também econômica. As empresas têm de continuar a funcionar e o comércio daqui depende do estrangeiro", pondera. "Então, preocupa-me que venham pessoas de fora, mas também me preocupa que não venham", expõe o dilema que impera na região.

População vulnerável

Esse é o dilema que o brasileiro Rafael Castro (32) tenta decifrar. Formado em Relações Internacionais, Rafael faz um trabalho de assistência social na região, através da ONG Movimento Sal & Luz - Voluntários do Bem. O foco é na população vulnerável vítima do vírus e combustível para a propagação.

"O coronavírus está atingindo mais as pessoas que já eram empobrecidas. Esse grupo é de risco econômico e sanitário. São pessoas que viviam de bicos, vendedores ambulantes e informais que comiam aquilo que conseguiam comprar com o que arrecadavam no dia. Ao voltarem para casa depois de se exporem durante o dia, convivem com um número elevado de pessoas numa mesma moradia pequena e precária", descreve Rafael à RFI.

"Mas existe outro grupo que não é muito perceptível. São microempreendedores individuais ou pequenos comerciantes. São frágeis porque perdem o emprego ou precisam demitir funcionários que se tornam automaticamente empobrecidos por não terem poupança. Essas pessoas passaram a pedir cestas básicas", revela Rafael, quem até dois meses atrás foi secretário de Assistência Social de Sant'Ana do Livramento, onde 34% da população era pobre antes da pandemia.

"O meu maior temor é que a questão sanitária vai gerar uma crise econômica profunda que, por sua vez, vai gerar uma crise social. Ao mesmo tempo, a gente não vê segurança em abrir o comércio novamente. É um dilema", conclui.

Ação binacional

No último dia 25 de maio, o presidente uruguaio Luís Lacalle Pou, presente pela segunda vez em Rivera, anunciava que nesta região de fronteira seria aplicado, pela primeira vez, o Tratado de Ação Binacional Sanitária. Foi depois de uma ligação ao presidente Jair Bolsonaro. Desde então, Santana do Livramento e Rivera trabalham em conjunto para combater o coronavírus.

Nesta sexta-feira (12), diante do novo surto na zona, as equipes de Sant'Ana do Livramento e de Rivera acertaram criar uma Unidade Epidemiológica Sanitária Única com um critério comum. A Unidade aplicará, nos dois lados da fronteira, testes PCR produzidos pelo Instituto Pasteur do Uruguai e adotará medidas de prevenção e controle conjuntas.

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Sant'Ana do Livramento, no Brasil, e Rivera, no Uruguai, formam uma única cidade onde o combate ao coronavírus tenta conciliar o medo e a necessidade de turistas. Neste fim de semana, a zona entrou em alerta vermelho, devido a um novo surto do lado brasileiro e foi criada a Unidade Epidemiológica Sanitária Única com medidas conjuntas com o Uruguai para conter a propagação.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

O brasileiro Fernando Ravara (50) olha com preocupação para o novo surto de coronavírus que, nesta semana, surgiu no bairro Armour de Sant'Ana do Livramento. Nos últimos três dias, 27 novos casos elevaram a 72 o total de contágios nesta cidade gaúcha. Desses, 36 estão ativos.

O posto de saúde da zona fechou depois que 11 dos 33 funcionários testaram positivo. A cidade saiu de bandeira laranja (risco médio de contaminação) a bandeira vermelha (alto risco). Todos os comércios vão fechar e as medidas serão endurecidas.

"Temos entre 22 e 25 respiradores na cidade. Então, a grande preocupação é que, de repente, aconteça um surto grande e não haja respiradores para todos, considerando que estamos próximos ao inverno, quando as doenças respiratórias também aumentam. Esse é o medo da população", adverte à RFI Fernando, radialista com formação em Relações Internacionais.

A cidade brasileira de Sant'Ana do Livramento registra uma vítima fatal de coronavírus num universo de estimado de 77 mil pessoas. Os números podem não ser expressivos se comparados com a trágica realidade brasileira, mas são alarmantes para o vizinho Uruguai que, na última semana, registrou cinco dias sem nenhum novo caso de covid-19.

O maior problema do Uruguai é hoje esta fronteira com o Brasil. É onde o pior da América Latina faz fronteira com o melhor. O pior país no combate ao coronavírus e o melhor país em controlá-lo fundem-se num único conglomerado urbano sem divisões físicas. Apenas uma linha imaginária que consiste em simplesmente atravessar uma avenida, da João Pessoa, de Sant'Ana do Livramento, à 33 Orientales, na uruguaia Rivera.

A metodologia de combate do governo uruguaio combina liberalismo individual com consciência civil: o presidente Luís Lacalle Pou não recorreu a nenhuma quarentena obrigatória, ao contrário de toda a vizinhança. Apelou à responsabilidade cidadã de cada uruguaio e apenas recomendou as medidas sanitárias de proteção. Os uruguaios acataram.

Enquanto o número de vítimas no Brasil marca um novo recorde a cada dia, do outro lado da fronteira, o Uruguai exibe uma realidade oposta: 847 casos dos quais 23 falecidos, dois deles em Rivera que acumula 57 casos, 13 dos quais ativos.

Zona restrita

Esses números levaram o governo uruguaio a blindar Rivera do resto do país através de barreiras sanitárias e controle militar nas estradas. Na cidade uruguaia, encapsulada do resto do país, vivem 103 mil pessoas.

Mas enquanto o Uruguai preocupa-se com esta zona da fronteira, Rivera-Livramento fazem valer o título de "Fronteira da Paz". A preocupação dessas duas cidades, completamente integrada entre si é com os turistas que vêm de outras cidades brasileiras.

"A região aqui vive harmoniosamente. As pessoas não estão preocupadas com o vizinho. Enquanto o Uruguai está preocupado com a nossa região, a nossa preocupação é com os que vêm de fora, com os que vem de outras cidades para cá porque não sabemos se estão infectados", explica Fernando Ravara.

Olga Ortiz Abelenda (57) era a dona do Galpón, uma típica churrascaria uruguaia, referência em Rivera, que atraía uma maioria de turistas brasileiros. Com a chegada da pandemia, Olga decidiu fechar as portas para sempre. Os custos fixos sem nenhum faturamento impedem o negócio. Mesmo no futuro, uma eventual redução pela metade da capacidade de mesas significaria anular qualquer lucro.

Para a empresária gastronômica uruguaia, mais do que a doença, a falta de trabalho é o grande risco que ameaça a conurbação binacional Rivera-Santana do Livramento.

"A minha preocupação é o comércio de Rivera que depende exclusivamente dos brasileiros. Eu tenho medo da crise porque as pessoas já estão com problemas para pagar o aluguel, para cumprir com os seus funcionários. Os proprietários estão-se endividando e muita gente já ficou sem emprego", descreve Olga à RFI.

Fronteira da Paz

Olga Ortiz é um exemplo da simbiose desta região. Morava no Uruguai, onde tinha o restaurante. Casou-se com um brasileiro e vive agora do lado brasileiro, a três quarteirões da linha imaginária de fronteira. Dos três filhos, dois nasceram do lado uruguaio; um do lado brasileiro.

Por isso, um preconceito entre brasileiros e uruguaios sobre quem pode contagiar a quem é algo impensável. Antes do surto em Sant'Ana do Livramento nesta semana, havia 114 casos de coronavírus entre as duas cidades, exatamente 57 casos para cada lado.

"Dentro da cidade, não há preconceito. Isso é mais com os que vem de fora, mas, mesmo assim, só por parte das pessoas que não têm comércio porque aquelas que têm comércio desejam que venham pessoas de fora", compara Olga. "Ninguém está pensando tanto na doença neste momento. Existe a preocupação, sim. Mas é muito mais preocupante ficar sem trabalho", garante.

A também uruguaia Laura Cabrera Gariglio (38) mora em Rivera, mas está reformando a sua casa em Sant'Ana do Livramento. Filha de pai uruguaio e mãe brasileira, estudou no Uruguai, mas formou-se em Contabilidade no Brasil, onde estão os seus clientes.

Laura soma-se às críticas de preconceitos por parte dos uruguaios de Montevidéu que consideram Rivera quase um território brasileiro.

"Entre nós aqui na fronteira, não existe preconceito. E também não existe preconceito com quem vem de fora. Existe medo de um contágio, mas não preconceito. A gente sofre preconceito por parte dos próprios uruguaios, mas não sofremos preconceito por parte dos brasileiros", garante Laura à RFI.

"A união aqui é tanta que ninguém está comparando qual lado tem mais casos. Puxamos todos para frente juntos", afirma.

Com os seus Free Shop, a uruguaia Rivera é uma cidade de turismo de compras que atrai muitos gaúchos da cidades vizinhas e sacoleiros, sobretudo neste momento em que a fronteira com o Paraguai está fechada.

Dependência dos turistas e das compras

Os ônibus de turistas estão proibidos de entrar em Sant'Ana do Livramento, mas os carros de passeios e vans passam pelos controles sanitários nas estradas.

Nesta semana de feriadão, muitos turistas foram à cidade para fazer compras. O intenso movimento levou a Prefeitura de Rivera a colocar barreiras sanitárias para os veículos brasileiros. Só neste sábado, foram mais de mil carros com 3.500 pessoas num único dia.

Os habitantes locais optam por comprar carnes, vinhos, queijos e produtos de limpeza do lado uruguaio. Roupas, calçados e compras do mês nos supermercados do lado brasileiro.

Para Laura, o perigo está justamente nesse fluxo de turistas de outras cidades brasileiras.

"A minha preocupação é com a falta de conscientização das pessoas. Eu não entendo como pessoas de fora podem pensar em vir fazer compras com esta situação", surpreende-se Laura. "Mas tem a parte também econômica. As empresas têm de continuar a funcionar e o comércio daqui depende do estrangeiro", pondera. "Então, preocupa-me que venham pessoas de fora, mas também me preocupa que não venham", expõe o dilema que impera na região.

População vulnerável

Esse é o dilema que o brasileiro Rafael Castro (32) tenta decifrar. Formado em Relações Internacionais, Rafael faz um trabalho de assistência social na região, através da ONG Movimento Sal & Luz - Voluntários do Bem. O foco é na população vulnerável vítima do vírus e combustível para a propagação.

"O coronavírus está atingindo mais as pessoas que já eram empobrecidas. Esse grupo é de risco econômico e sanitário. São pessoas que viviam de bicos, vendedores ambulantes e informais que comiam aquilo que conseguiam comprar com o que arrecadavam no dia. Ao voltarem para casa depois de se exporem durante o dia, convivem com um número elevado de pessoas numa mesma moradia pequena e precária", descreve Rafael à RFI.

"Mas existe outro grupo que não é muito perceptível. São microempreendedores individuais ou pequenos comerciantes. São frágeis porque perdem o emprego ou precisam demitir funcionários que se tornam automaticamente empobrecidos por não terem poupança. Essas pessoas passaram a pedir cestas básicas", revela Rafael, quem até dois meses atrás foi secretário de Assistência Social de Sant'Ana do Livramento, onde 34% da população era pobre antes da pandemia.

"O meu maior temor é que a questão sanitária vai gerar uma crise econômica profunda que, por sua vez, vai gerar uma crise social. Ao mesmo tempo, a gente não vê segurança em abrir o comércio novamente. É um dilema", conclui.

Ação binacional

No último dia 25 de maio, o presidente uruguaio Luís Lacalle Pou, presente pela segunda vez em Rivera, anunciava que nesta região de fronteira seria aplicado, pela primeira vez, o Tratado de Ação Binacional Sanitária. Foi depois de uma ligação ao presidente Jair Bolsonaro. Desde então, Santana do Livramento e Rivera trabalham em conjunto para combater o coronavírus.

Nesta sexta-feira (12), diante do novo surto na zona, as equipes de Sant'Ana do Livramento e de Rivera acertaram criar uma Unidade Epidemiológica Sanitária Única com um critério comum. A Unidade aplicará, nos dois lados da fronteira, testes PCR produzidos pelo Instituto Pasteur do Uruguai e adotará medidas de prevenção e controle conjuntas.

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