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“Agro pode ganhar, mas pressões sobre Brasil serão grandes”, diz analista sobre medidas de Trump

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O perfil protecionista e anti-China de Donald Trump tem deixado em polvorosa setores do agronegócio brasileiro, que vislumbram ganhos com a possibilidade de aumento das exportações. Foi assim no primeiro governo Trump, quando o governo dos Estados Unidos impôs taxações a produtos de fora, especialmente dos chineses.

Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

Mas a analista política Neusa Maria Bojikian, do Programa de Pós-Doutorado e integrante do grupo de pesquisas sobre os Estados Unidos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alerta para prováveis “retaliações cruzadas”, que podem afetar não apenas empresas brasileiras, mas também os Brics.

Bojikian concorda que o Brasil é o país que mais tem condições de atender a novas demandas por alimentos num ambiente de maior tensão comercial entre Washington e Pequim. “No caso de commodities, o Brasil pode se beneficiar disso, até porque já tem um mercado na China, onde compete com os Estados Unidos, mas está tudo bem. Eles estão ali agindo juntos. Se houver uma mudança nisso, o Brasil pode ser beneficiário dessa guerra comercial. Agora, esse benefício é temporário e o país ainda estaria sujeito a retaliações cruzadas.”

A pesquisadora da Unicamp explica que essa forma de pressão inclui exigência a outros nichos produtivos brasileiros. “Especialmente se houver cooperação brasileira em setores estratégicos como tecnologia, defesa e energia. As empresas brasileiras que negociam com companhias russas ou chinesas podem enfrentar dificuldades para acessar o mercado dos Estados Unidos, para comprar componentes ou tecnologia necessária a fim de se desenvolvam e vendam seus produtos", afirma Bojikian, citando algumas medidas que podem ser adotadas pelos americanos.

“Por exemplo, os Estados Unidos podem aumentar os custos de compliance, ou seja, de conformidade regulatória. Ou pressionar e fazer com que as empresas brasileiras não consigam acessar financiamentos internacionais. O Brasil deve sofrer pressão ou retaliação para que não absorva esse mercado, para que não seja o beneficiário desse demanda que surgiria com a política protecionista. Pode haver uma pressão cruzada. Trump gosta disso. Então pode forçar a barra para que o Brasil não aceite ser esse fornecedor para a China", diz Neusa Maria Bojikian

A especialista lembra que tais ações se encaixam nas promessas e na postura do presidente eleito. “A gente já viu Trump 1. E a gente viu que ele tem um estilo muito próprio, de homem de negócios e de homem midiático, uma postura agressiva, de confronto. Ele não negocia no âmbito multilateral ou no âmbito plurilateral, ele negocia numa dinâmica bilateral, onde calcula que tem mais força de pressão sobre seu interlocutor.”

A expectativa é de que os Estados Unidos elevem as tarifas que incidem sobre produtos de fora, afetando quase todo o mundo, mas com percentuais maiores para os chineses. Perguntada se a diferença de espectro político entre Trump e o presidente brasileiro Lula poderia resultar numa taxação a mais sobre os produtos do Brasil, Neusa Maria Bojikian acredita que esse não será o foco do novo governo.

“A gente não sabe exatamente como vai acontecer, porque também depende do mercado, depende do quanto a safra nos Estados Unidos produziu, do poder de resposta deles. Mas é preciso frisar que o Brasil tem já uma balança comercial deficitária com os Estados Unidos. Isso significa que os Estados Unidos, que normalmente têm déficit com quase todos os seus parceiros, com o Brasil tem superávit, porque o Brasil importa mais do que exporta deles. Então o efeito das tarifas contra o Brasil é um tiro no pé, porque também afeta a economia doméstica nos Estados Unidos e pode elevar a inflação interna, e isso é tudo que o consumidor não quer ver”, argumenta.

“Então, se o Brasil não é parte do problema ou o Brasil é parte da solução nesse aspecto, então por que a gente estaria na mira de Trump? Por isso eu acho que a pressão contra o Brasil não virá tão diretamente. Mais do que o agronegócio, eu acho que o mais preocupante seria, por exemplo, dificuldades impostas à indústria manufatureira, com aumento nas tarifas contra o aço trabalhado brasileiro, o que já aconteceu. Isso é ruim.”

Outro setor citado pela analista é o da energia, do qual o Brasil ainda depende de tecnologia estrangeira para extração de alguns produtos. “Eles vão vir com uma tentativa de promover a exploração dos recursos domésticos, como o aumento das exportações de gás natural. E aqui no Brasil já se fala na pressão para investimentos em novas fronteiras exploratórias, como a margem equatorial, ao longo da costa norte do país, porque houve ali descoberta significativa de petróleo. E também já se fala numa exploração lá no outro lado, no extremo sul, que é a Bacia de Pelotas, no Rio Grande do Sul. A gente está falando de santuários”, diz.

Bojikian aponta ainda para esperadas pressões de Trump sobre o Brics, grupo atualmente composto por 11 países e que impulsiona projetos de sistemas financeiros alternativos ao dólar.

“Donald Trump prometeu impor tarifas de até 100% sobre as importações de países do grupo, caso os integrantes insistissem em criar uma moeda ou apoiasse alguma outra moeda para substituir o dólar. Então esse é um outro tipo de pressão que recai sobre o Brics e que o Brasil não tem interesse nenhum que aconteça”, ressalta Bojikian

“Se por um lado o desenvolvimento de uma moeda comum no âmbito do Brics não deve ser algo provável, por outro lado, as discussões no âmbito do grupo sobre uso mais amplo das moedas nacionais desses países e o aprimoramento da coordenação entre os respectivos bancos centrais para apoiar mais o comércio, para promover o comércio, isso tende a ser prejudicado”, conclui.

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Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

Mas a analista política Neusa Maria Bojikian, do Programa de Pós-Doutorado e integrante do grupo de pesquisas sobre os Estados Unidos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alerta para prováveis “retaliações cruzadas”, que podem afetar não apenas empresas brasileiras, mas também os Brics.

Bojikian concorda que o Brasil é o país que mais tem condições de atender a novas demandas por alimentos num ambiente de maior tensão comercial entre Washington e Pequim. “No caso de commodities, o Brasil pode se beneficiar disso, até porque já tem um mercado na China, onde compete com os Estados Unidos, mas está tudo bem. Eles estão ali agindo juntos. Se houver uma mudança nisso, o Brasil pode ser beneficiário dessa guerra comercial. Agora, esse benefício é temporário e o país ainda estaria sujeito a retaliações cruzadas.”

A pesquisadora da Unicamp explica que essa forma de pressão inclui exigência a outros nichos produtivos brasileiros. “Especialmente se houver cooperação brasileira em setores estratégicos como tecnologia, defesa e energia. As empresas brasileiras que negociam com companhias russas ou chinesas podem enfrentar dificuldades para acessar o mercado dos Estados Unidos, para comprar componentes ou tecnologia necessária a fim de se desenvolvam e vendam seus produtos", afirma Bojikian, citando algumas medidas que podem ser adotadas pelos americanos.

“Por exemplo, os Estados Unidos podem aumentar os custos de compliance, ou seja, de conformidade regulatória. Ou pressionar e fazer com que as empresas brasileiras não consigam acessar financiamentos internacionais. O Brasil deve sofrer pressão ou retaliação para que não absorva esse mercado, para que não seja o beneficiário desse demanda que surgiria com a política protecionista. Pode haver uma pressão cruzada. Trump gosta disso. Então pode forçar a barra para que o Brasil não aceite ser esse fornecedor para a China", diz Neusa Maria Bojikian

A especialista lembra que tais ações se encaixam nas promessas e na postura do presidente eleito. “A gente já viu Trump 1. E a gente viu que ele tem um estilo muito próprio, de homem de negócios e de homem midiático, uma postura agressiva, de confronto. Ele não negocia no âmbito multilateral ou no âmbito plurilateral, ele negocia numa dinâmica bilateral, onde calcula que tem mais força de pressão sobre seu interlocutor.”

A expectativa é de que os Estados Unidos elevem as tarifas que incidem sobre produtos de fora, afetando quase todo o mundo, mas com percentuais maiores para os chineses. Perguntada se a diferença de espectro político entre Trump e o presidente brasileiro Lula poderia resultar numa taxação a mais sobre os produtos do Brasil, Neusa Maria Bojikian acredita que esse não será o foco do novo governo.

“A gente não sabe exatamente como vai acontecer, porque também depende do mercado, depende do quanto a safra nos Estados Unidos produziu, do poder de resposta deles. Mas é preciso frisar que o Brasil tem já uma balança comercial deficitária com os Estados Unidos. Isso significa que os Estados Unidos, que normalmente têm déficit com quase todos os seus parceiros, com o Brasil tem superávit, porque o Brasil importa mais do que exporta deles. Então o efeito das tarifas contra o Brasil é um tiro no pé, porque também afeta a economia doméstica nos Estados Unidos e pode elevar a inflação interna, e isso é tudo que o consumidor não quer ver”, argumenta.

“Então, se o Brasil não é parte do problema ou o Brasil é parte da solução nesse aspecto, então por que a gente estaria na mira de Trump? Por isso eu acho que a pressão contra o Brasil não virá tão diretamente. Mais do que o agronegócio, eu acho que o mais preocupante seria, por exemplo, dificuldades impostas à indústria manufatureira, com aumento nas tarifas contra o aço trabalhado brasileiro, o que já aconteceu. Isso é ruim.”

Outro setor citado pela analista é o da energia, do qual o Brasil ainda depende de tecnologia estrangeira para extração de alguns produtos. “Eles vão vir com uma tentativa de promover a exploração dos recursos domésticos, como o aumento das exportações de gás natural. E aqui no Brasil já se fala na pressão para investimentos em novas fronteiras exploratórias, como a margem equatorial, ao longo da costa norte do país, porque houve ali descoberta significativa de petróleo. E também já se fala numa exploração lá no outro lado, no extremo sul, que é a Bacia de Pelotas, no Rio Grande do Sul. A gente está falando de santuários”, diz.

Bojikian aponta ainda para esperadas pressões de Trump sobre o Brics, grupo atualmente composto por 11 países e que impulsiona projetos de sistemas financeiros alternativos ao dólar.

“Donald Trump prometeu impor tarifas de até 100% sobre as importações de países do grupo, caso os integrantes insistissem em criar uma moeda ou apoiasse alguma outra moeda para substituir o dólar. Então esse é um outro tipo de pressão que recai sobre o Brics e que o Brasil não tem interesse nenhum que aconteça”, ressalta Bojikian

“Se por um lado o desenvolvimento de uma moeda comum no âmbito do Brics não deve ser algo provável, por outro lado, as discussões no âmbito do grupo sobre uso mais amplo das moedas nacionais desses países e o aprimoramento da coordenação entre os respectivos bancos centrais para apoiar mais o comércio, para promover o comércio, isso tende a ser prejudicado”, conclui.

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